Diretora brasileira comanda projetos nos Estados Unidos

07/14/2010 08:35:57 AM

Joyce Santos veio divulgar o documentário “Se Todos Fossem Iguais” e gravar entrevista com elenco da peça “Fela”.

Divulgação

A produtora e diretora brasileira Joyce Santos com os protagonistas do musical Fela! Sahr Ngaujah e Saycon Sengbloh após a entrevista, que aconteceu no Consulado Brasileiro.

A produtora e diretora Joyce Santos está nos Estados Unidos para divulgar o documentário “Se Todos Fossem Iguais”. Ela também veio para entrevistar integrantes do musical “Fela”. As imagens serão mostradas no programa “Espelho”, do Canal Brasil, do qual é uma das diretoras.

“Fela” é um espetáculo da Broadway que tem somente negros no elenco. Num espaço cedido pelo Consulado-Geral do Brasil em Nova Iorque, Joyce conversou com Corey Baker (dançarino), Sarh Ngaujah (Fela Kuti), Saycon Senglob (Sandra), Stephen Hendel (produtor) e Bill T. Jones (diretor e coreógrafo). O espetáculo rendeu a Sarh Ngaujah a indicação ao prêmio teatral Tony Awards. Bill T. Jones ganhou o Tony Awards de melhor coreografia por “Fela”.

Em uma rápida entrevista por telefone, Joyce disse que abordou com o elenco de Fela a questão dos negros na sociedade mundial. Segundo ela, o musical é totalmente diferente de tudo o que já aconteceu na Broadway, pois traz a África para os Estados Unidos. “Está mostrando isto para o mundo”, disse ela.

O musical conta a história do músico nigeriano Fela Kuti. Criador do ritmo afrobeat que influenciou também a cultura brasileira. Ativista político e dos direitos humanos, Fela Kuti usava principalmente o saxofone e o teclado, embora também tocasse trompete, guitarra e bateria. Com concertos tidos como bárbaros e selvagens, o músico dizia que sua atuação era um jogo espiritual underground.

O prefácio da biografia de Fela Kuti foi escrito por Gilberto Gil. A peça também fala da luta contra o preconceito, a corrupção e a injustiça social. “Então tudo tem muito a ver com o nosso país”. Segundo Joyce, o espetáculo tem muito ‘a cara’ do Brasil.

Segundo os integrantes de “Fela”, brasileiros que assistem ao espetáculo dizem que se identificam com o musical. “Eles realmente veem estes pontos que são comuns e acham que o assunto tem realmente esta conexão com a gente, com a nossa cultura”. Ainda de acordo com Joyce, o grupo pensa em levar a peça para o Brasil.

Divulgando o Brasil para o mundo
O outro projeto de Joyce, o documentário “Se Todos Fossem Iguais”, dirigido também por Fernando Barcellos, será em breve exibido na Soho Digital Art Gallery em Nova Iorque. O filme traz temáticas que geralmente não são abordadas pelas crianças. “Elas tem suas próprias opiniões, e a gente quis ouvi-las”. Segundo Joyce, as crianças não foram direcionadas. Os depoimentos são mesclados com poesias de Manoel de Barros. Arnaldo Antunes cedeu a música. O filme tem legenda em inglês.

Joyce considera muito importante mostrar a cultura do Brasil através de filmes, para outros países. “Não é só samba, futebol, praia”. Na opinião dela, é importante não deixar o cinema brasileiro cair no estereótipo de mostrar somente a violência de nosso país. “Quero que no futuro, quando eu for produzir meus documentários, dirigir alguma coisa, eu possa fazer um filme sobre qualquer outra coisa”.

Além de dirigir o “Espelho”, Joyce é roteirista do “Conexões Urbanas”, do Multishow. Apresentado por José Júnior do “Afroreggae”, o programa estilo documentário aborda diversos temas, enfocando também trabalhos de ONGs. A equipe esteve na Colômbia, El Salvador e Venezuela gravando o episódio que vai ao ar em 28 de julho.

O programa “Espelho” é apresentado pelo ator Lázaro Ramos, que também atuou como diretor durante cinco anos. Nasceu com a proposta inicial de mostrar a cultura negra e a presença dos negros e de personalidades negras na sociedade. Depois de cinco anos, passou a abordar a cultura brasileira de uma forma geral.